Com novos hits, Lady Gaga e Katy Perry 'assopram a poeira' do Sax

O G1 publicou esta matéria sobre Sax e falam sobre o Caio.

De ícone do jazz a patinho feio do pop, o saxofone ensaia uma volta aos iPods e pistas de dança. Resgatado das salas de espera de consultórios e anúncios de motéis por hits recentes de Lady Gaga (“The edge of glory”) e Katy Perry (“Last friday night”), o instrumento passa por um renascimento, confirmado por mestres do sopro ouvidos esta semana pelo G1.
“Sinto as pessoas com sede de ouvir saxofone de novo. O instrumento passou um tempo na gaveta e voltou a ser uma opção para quem está fazendo coisas novas”, atesta George Israel, 51 anos, centroavante do rock com saxofone no Brasil.
Com o Kid Abelha, Israel ajudou a tornar o instrumento pop com hits como “Pintura íntima”, “No seu lugar” e "Eu só penso em você". Mas até a banda deixou o sax meio de lado por um tempo. “Passei a tocar outros instrumentos no show”, lembra o músico, que além do Kid Abelha, empunha sax em apresentações com DJs. “É um instrumento querido, mas tem ciclos. Os solos de guitarra também diminuíram nos anos 80. As pessoas gostam de novidades nas sonoridades”, analisa.
Lista e linha do tempo do saxofone (Foto: G1)


Leo Gandelman, 54 anos, gravou recentemente solo para Cindy Lauper. Mas é acompanhando brasileiros que se tornou figurinha carimbada do sax. São deles as sopradas em músicas como “Anjo” (Roupa Nova), "Ska" (Paralamas do Sucesso), “Punk da periferia” (Gilberto Gil), “Negra Ângela” (Neguinho da Beija Flor) e “Cheia de charme” (Guilherme Arantes).
“O sax na década de 80 e até a metade dos anos 90 foi onipresente”, lembra. “Não chegou a cair no limbo, sempre foi instrumento de solo marcante e sempre será. Na década de 80, ele estava em todas. Agora ele não está em todas, mas está em várias”, defende o músico veterano. Ele anda afastado do mainstream há algum tempo, mas entregou a missão de perpetuar o instrumento ao filho, Miguel Gandelman, de 28 anos. Entre os trabalhos do rapaz, estão parcerias com Michael Jackson, Christina Aguilera e Jonas Brothers.
Milton Guedes, 48, reconhece a importância do Gandelman pai. “Foi o responsável pelo salto do sax de uma coisa sofisticada para o popular, levou os grandes solos para novelas”, resume Guedes. Os dois tocaram com Lulu Santos, que sempre deu importância ao instrumento. Guedes tem carreira solo que rendeu o hit “Sonho de uma noite de verão” e já foi ouvido com Djavan (“Pétala”), Oswaldo Montenegro (“Lua e sol”) e Jeito Moleque (“Sem radar”).

Ele diz ter sofrido preconceito, “pelo fato de fazer uma linha mais pop com o sax”, e conta que passou a tocar mais gaita e flauta devido a isso. “Virou um padrão. Uma balada popular tinha que ter solo de sax. As pessoas começaram a se cansar. Houve uma banalização. Eu criei um estilo de tocar que foi muito imitado. Meus amigos me sacaneavam, me falando que eu estava em todas as músicas.”
Guedes comemora o retorno do sax às paradas via Katy e Gaga, que canta acompanhada de Clarence Clemons, músico de Bruce Springsteen que morreu em 18 de junho. “É uma coisa cíclica. Nos anos 90, todos os pagodes tinham. Hoje, entra um pouco de sax nas misturas eletrônicas. Ele pode dar uma liga com a parte orgânica. O sax é uma voz, é melodia o tempo inteiro”, empolga-se.
João Marcelo Bôscoli, da gravadora Trama, concorda. “Essas duas artistas tem o poder de pautar a estética pop”, resume. Para Bôscoli, o desgaste veio um pouco antes: foi nos anos 80 que o uso do instrumento passou do ponto. “Podemos creditar a falta do prestígio ao Kenny G e aos artistas do smooth jazz”, opina. “Nos últimos 20 anos, virou sinônimo de kitsch, de gosto meio duvidoso. Teve uma saturação, com as músicas comerciais, de elevador. Virou música ambiente adulta. O prestígio que ele passou a ter é recente.”
O empresário lembra que o sumiço do sax do pop brasileiro só não foi total nos últimos 15 anos por conta do naipe de metais de bandas de pop rock surgidas nos anos 90. “Skank e Jota Quest têm sessões de metais em seus hits. O Los Hermanos também faz parte do time que acabou restaurando o prestígio do saxofone. Mas não é muito presente no solo de saxofone.”

Bossa nova e Kenny G


O músico Caio Mesquita, de 21 anos, se apresenta em São Paulo (Foto: Divulgação)
O músico Caio Mesquita, de 21 anos, se apresenta
em São Paulo (Foto: Divulgação)


Nascido em 1990, o saxofonista Caio Mesquita começou a fazer sucesso aos 16 anos. Virou ídolo teen ao tocar em programas de TV versões instrumentais de "Samba de verão", "Wave", "Garota de Ipanema" e Kenny G, seu ídolo.
“Vejo essa volta de forma positiva, porque populariza o instrumento. Ele não é tão popular como violão ou guitarra. É importante não ficar limitado ao jazz ou blues.” Foi bem longe desses gêneros que o sax encantou o garoto santista pela primeira vez.
O primeiro solo que aprendeu foi o de “Pense em mim”, de Leandro & Leonardo. “Foi a primeira coisa que eu ouvi e me interessei. É a música que me levou a tocar sax.” Quando os fãs do jovem músico ouviram os hits de Katy Perry e Lady Gaga, correram para contar para ele. “Muita gente veio brincar comigo, falando que agora eu poderia tocar com ela”, diz rindo.

Créditos: g1.globo.com

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